A celebração da Páscoa antecede o cristianismo. No Antigo Testamento, os hebreus celebravam a “Pesach” (termo hebraico = pular, passagem), em memória à libertação do povo hebreu da escravidão no Egito e a travessia do deserto rumo à terra prometida, que durou aproximadamente 40 anos. A partir daquele evento, o povo hebreu passou a celebrar anualmente a passagem da escravidão no Egito para a liberdade na terra prometida. Celebra-se a festa comendo o cordeiro pascal, pães ázimos, ervas amargas e quatro copos de vinho. O cordeiro lembra que Deus “pulou” a casa dos hebreus, que estavam marcadas com seu sangue, passou adiante e feriu os primogênitos dos egípcios, livrando os filhos de Israel. Os pães ázimos recordam a pressa da saída do Egito, pois na noite da libertação eles não tiveram nem tempo de deixar levedar o pão. As ervas amargas lembram como a vida dos hebreus havia sido, no período da escravidão no Egito e na fuga pelo deserto.
Jesus era hebreu e também celebrava a Páscoa judaica. Em sua última ceia, instituiu a Eucaristia, fazendo a comunhão do corpo e do sangue, simbolizados pelo pão e pelo vinho, ato que para nós, cristãos, ficou eternizado: “…Isto é o meu corpo oferecido em favor de vós; fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19). Logo depois, foi preso e condenado à morte na cruz. Cristo, o Cordeiro de Deus, é imolado na Cruz, e o pão e o vinho, a nova ceia, se transformam em seu Corpo e seu Sangue. Portanto, é na festa da Páscoa que acontece a instituição da Eucaristia, centro da liturgia cristã. Por meio desse ato, Jesus traz a salvação ao mundo. Renova-se toda a mística que era celebrada na Páscoa Judaica. Cristo é o verdadeiro Cordeiro Pascal, nossa Páscoa. Destruiu o fermento do pecado e tornou possível uma nova vida na Eucaristia, pão sem fermento. O Cordeiro Pascal nos convida à nova vida.
É esta a mensagem que a Ressurreição nos traz: Jesus vence a morte, ela não é o fim. É Deus que ressuscita Jesus e vai nos ressuscitar também. É a esperança sempre renovada de uma nova vida. Contudo, não podemos celebrar a Páscoa sem fazermos a experiência da cruz de Jesus, sem passarmos da morte para a vida, sem caminharmos pelo deserto árido de nossos corações imersos nos reflexos de uma sociedade capitalista, cada vez mais consumista e individualista.
Marlene Aparecida Manzan Paiva