Pastoral Presbiteral

“PORQUE NÓS, PRESBÍTEROS, TAMBÉM PRECISAMOS DE CUIDADOS…”

“Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos estabeleceu como guardiões, como pastores” (At 20,28).

Quem cuida de quem cuida? Frequentemente, encontramos essa indagação no coração de profissionais que gastam sua vida cuidando de outras vidas humanas. É sabido por todos nós que o PADRE NÃO É UM PROFISSIONAL. Mas é certo que ele é um CUIDADOR DE OUTRAS VIDAS. Por isso, também em nosso meio essa indagação é pertinente e carece de uma resposta. Pensando nisso, a Igreja, no Brasil, já vem pensando há algum tempo em como dar essa resposta. Nasceu, assim, a pastoral presbiteral.

Qual o caminho que tem sido feito? Desde a publicação da Exortação Apostólica Pastores dabo vobis “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração” (Jr 3,15), após a realização do Sínodo sobre o ministério presbiteral (1990), foram adotadas cinco dimensões importantes que devem fundamentar tanto a formação dos candidatos ao presbiterado, os seminaristas, quanto a dos próprios presbíteros em sua formação permanente. Estas mesmas cinco dimensões foram incorporadas nas Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil (Documentos da CNBB, nº 110). A atualização deste Documento da CNBB torna-se necessária à luz da publicação do documento: O dom da vocação presbiteral – Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, publicado pela Congregação para o Clero.

Quais são estas cinco dimensões da formação presbiteral que possibilitam um crescimento integral e harmonioso? Em primeiro lugar, é importante salientar que elas se complementam mutuamente e que não se pode separar uma da outra: cada uma tem seu objetivo, suas metas e seus meios para atingi-las. São elas: (1) A dimensão humano-afetiva, que visa ao amadurecimento pessoal e integral, superando qualquer forma de egoísmo e fechamento em si mesmo; (2) A dimensão comunitária, que exige da pessoa fazer a experiência gratificante da vida em comunhão, sabendo estimar, acolher, servir e amar a todos; (3) A dimensão espiritual, que faz com que a pessoa se identifique profundamente com a Pessoa de Jesus Cristo; (4) A dimensão intelectual, que procura fortalecer a fé da pessoa à luz da Palavra de Deus e do ensinamento da Igreja, a fim de poder enfrentar os desafios dos tempos atuais; (5) A dimensão pastoral-evangelizadora, que visa formar pastores, discípulos missionários de Jesus Cristo, verdadeiramente empenhados com a missão de evangelizar, principalmente os mais afastados da comunidade eclesial.

A partir dessas cinco dimensões, as Arquidioceses e Dioceses têm organizado a sua Pastoral Presbiteral. É uma pastoral dirigida aos presbíteros e coordenada, sempre com o incentivo e o apoio do Bispo Diocesano, pelos próprios presbíteros. Como disse o apóstolo Paulo em sua despedida dos líderes da Igreja de Éfeso, em Mileto: “cuidai de vós mesmos” (At 20,28). Afinal, quem poderá cuidar dos presbíteros se não os próprios presbíteros? Em outras palavras, a Pastoral Presbiteral é o cuidado pessoal e comunitário que a (Arqui)Diocese presta a seus presbíteros, estimulando neles a alegria de serem ministros ordenados a serviço do Povo de Deus, segundo o exemplo de Jesus, o Bom Pastor (cf. Jo 10,11-18). Deste modo, eles poderão ser pessoas completamente realizadas em sua vida e em sua missão.

A Pastoral Presbiteral quer ser presença fraterna, acompanhamento solidário, pessoal e comunitário, integral e orgânico que cada Igreja particular oferece a seus pastores, para que estes se sintam apoiados e vivam como pessoas valorizadas, conheçam Jesus Cristo, sejam como Ele, vivam e atuem como Ele, de modo que possam, em comunhão e fraternidade presbiteral, dedicar-se plenamente ao ministério de Pastores que Deus e a Igreja lhes confiaram em prol da comunidade.

Isto porque somos seres em construção, chamados a crescer constantemente buscando a plenitude de nosso ser. Porque nós, presbíteros, também somos discípulos e necessitamos de espaços de formação permanente em todas as dimensões. Porque não é suficiente querer servir: temos que servir bem. Porque não se pode fazer o bem se não estamos bem.

O primeiro responsável pela pastoral presbiteral é o próprio presbítero. É necessária uma autoconsciência de continuar crescendo, buscar ajuda e apoio dos outros e viver em comunhão no presbitério. O Bispo, com seu presbitério, deve ser o primeiro motivador e articulador da pastoral presbiteral. O lugar e o espaço privilegiado do crescimento presbiteral constituem o cotidiano da vida, do ministério e da caridade pastoral

Em nossa Arquidiocese, a Pastoral Presbiteral é composta pelos coordenadores das regiões pastorais, o representante dos presbíteros, o coordenador de pastoral, o Ecônomo da Arquidiocese e o Vigário Geral.

Assim, pensamos um trabalho que contemple todas as dimensões. Em linhas gerais: retiros, manhãs de espiritualidade por faixa etária, com partilha de vida, confraternizações, atualizações teológicas, visitas afetivas aos irmãos no presbitério. Sabendo que é um trabalho de extrema necessidade e importância, contamos com a ajuda de todos, inclusive, e especialmente, do povo de Deus, com sua preciosa oração.

Padre Fábio Meira

P.S. este texto foi organizado em comunhão com as demais experiências partilhadas no nosso Regional Leste II.

Compartilhe:

Assine nossa News

Seja o primeiro a receber nossas novidades!

© Copyright Arquidiocese de Uberaba. Feito com por
© Copyright Arquidiocese de Uberaba. Feito com por