
Em nosso país nem tudo está sem uma ou outra fricção entre as duas Igrejas. Os Ortodoxos fazem parte do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs. E isso é um ponto muito positivo. O que João Paulo II sinalizou para a hierarquia ortodoxa, na encíclica “Ut Unum Sint”, foi um grande convite para uma reaproximação, sem exigir a perda das peculiaridades. Isso supera as rusgas eventuais existentes. Mas em nível de Patriarcado de Moscou, que se considera líder no mundo ortodoxo, a situação não deixa de ser desanimadora. Existe uma aresta que não permite o motor trabalhar solto: após a queda da União Soviética comunista, as Paróquias da Igreja Católica Ucraniana, voltaram a reatar seus vínculos com a Igreja de Roma, temporariamente voltadas a Moscou. Os Religiosos desse Patriarcado consideraram isso um gesto inamistoso, como que cortando um “direito adquirido”. Superar esse mal-entendido vai requerer um bom tempo. O mau humor recíproco um dia vai se esgotar. Embora ferida aberta entre dois irmãos da mesma família, não é qualquer água oxigenada que estanca. Mas “conservemo-nos firmemente apegados à nossa esperança, porque é fiel aquele cuja promessa aguardamos” (Hb 10, 23).
Dom Aloísio Roque Oppermann scj
Arcebispo Emérito de Uberaba, MG