Vida de pai, segundo Valadir (in memoriam)

Olá! Meu nome é Daniela Bernardes Pereira do Carmo, filha de Valadir Pereira, professor de matemática, e de Francisca Bernardes Pereira. Sou a filha mais velha, a primeira filha, muito esperada, muito amada. Foi meu pai que escolheu meu nome.

Falar de meu pai é algo inusitado, porque meu pai foi um presente em minha vida. Tenho um temperamento muito parecido com o dele, um jeito persistente naquilo que desejo fazer. Falar da vida do papai é falar de um homem de família, um homem de muitas qualidades. A importância dele na minha vida é tudo. Tenho muitos escritos de meus quinze ou dezesseis anos, redações no pré-vestibular em que afirmava que meu herói era meu pai. A gente que é católico não pode falar em idolatrar, mas era a figura de um homem firme, de um homem dedicado, de um homem amigo, de um homem parceiro.

Um exemplo de família porque nasci, cresci e estou até hoje em um berço católico. Um homem que falava com Deus com uma intimidade que não tem tamanho.

Meu pai, há 22 anos, enfartou pela primeira vez. E nesses 22 anos, vejo o tanto que Deus foi maravilhoso na vida dele e na nossa, pois recebemos um presente. Era pra ele ter morrido pelo enfarte fulminante que sofreu, e de lá pra cá sofreu vários enfartes – este foi o quinto enfarte de meu pai. Um homem que não bebia, que não fumava.

Um homem que sabia do que cada filho gostava. De cada pessoa que ficava perto dele, ele descobria do que ela gostava e assim se fazia presente.

Pessoa simples, nunca se importou com o que estava vestindo, mas sempre comendo: “devemos comer tudo aquilo que temos vontade”.

Falava muito sobre a importância de termos um equilíbrio entre trabalhar, estudar, colocar-se a serviço e ter um momento de lazer, fazendo aquilo que se gosta, pensando num conceito de saúde como o completo bem-estar biopsíquico e social.

Papai é um pessoa que tudo fez para os filhos, netos, irmãos. Começou a estudar com 13 anos, não tinha chinelos pra ir para a escola. Ajudou minha avó a criar todos os seis irmãos. Era o mais velho e o pai dele não tinha muita “cabeça” e separou-se de minha avó. Então, meu pai assumiu a casa. E assim ele foi exemplo para os irmãos dele também, até hoje. E exemplo para todos os cinco filhos. Deixou seis netos, sendo que meu filho Mateus Francisco tem no avô alguém que é tudo na vida dele.

Papai nasceu em São Roque de Minas, numa família muito simples e, depois de muito tempo, foi para Sacramento, na roça, até que veio para Uberaba e casou-se com minha mãe. Foram 46 anos de vida conjugal e eu nunca vi uma briga. Vi, sim, eles passarem a noite conversando pra chegar a um acordo. Sempre provendo tudo pra casa. Minha mãe, uma excelente administradora, sempre do lar.

Uma família pautada no ECC – Encontro de Casais com Cristo. Antes do Encontro em Araxá, em 1990, a gente ia à missa todos os domingos. Depois, houve um divisor de águas: a partir do ECC, nossa vida toda era dentro da Igreja. Meu pai ia pro trabalho, pra casa, pra igreja e um pedacinho dos finais de semana passava pescando.

Um pescador de homens porque levou muita gente para o ECC. Quando ele e minha mãe foram o “Casal Diocesano”, foi um marco muito grande aqui em Uberaba, onde ele reorganizou o ECC.

Quando eu me casei, fomos também para o ECC. Hoje, eu e meu marido somos ministros da Igreja – papai e mamãe também já foram. Meu filho é coroinha e tudo é o “vô”, que é o exemplo. Meu marido é o único genro do meu pai e eu sempre digo como o Júnior é parecido com meu pai: uma pessoa simples, sensata e de bem com a vida.

Daniela Bernardes Pereira do Carmo

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